sexta-feira, 25 de abril de 2008

Recife - parte II


Estamos entre Recife Novo e Recife antigo.
Quando atravessa-se a ponte sobre o Rio Capibariba,
Estás em Recife Antigo.
E logo á esquerda,
Surge – suspiro –
O Theatro Santa Isabel.
Do século XVI,
Impera onipotente,
Com sua imensa cortina vermelha de veludo,
Seu lustre principal de uma delicadeza
Que tu decepciona-te quando o vedes
Apagar lentamente para o inicio do espetáculo que fostes para assistir.
Na ocasião, deleitei-me á assistir Elyanna Caldas,
Tocando, ao piano, valsas e choros inéditos de Capiba,
O mestre do frevo e das marchinhas de carnaval.
E não tão somente pela magnitude do espetáculo que assisti,
Com arranjo refinadíssimo, uma direção musical impecável,
Levando-nos á um passeio pelas esferas que se perdem pelo ar,
Na introdução,
Levanta, repentinamente da platéia e sobe ao palco
Para destilar sua impressão do espetáculo que viria,
Ariano Suassuna, assim, em Ariano e Suassuna.
Revelei-me um apaixonado pela inusitado.
Ao final,
Apertei-lhe a mão e lembro-me que disse
“Foi um prazer”.
Não havia mais nada a dizer se não
Revelar o meu completo gozo pela situação.
Voltei a pé para o hotel,
Não sem antes esticar a noite de despedida
Na rua do Hospício,
Bebericando e batucando, fiel aos belos moldes
Das saudosas noitadas boemias
Que as atuais manhãs capitalistas
Arranjaram por findar.
E é desta forma que despeço-me de Recife,
Com alguns telefones á mais na agenda,
Alguns amigos á mais para lembrar,
E a certeza de que se não há de fato um
Lugar definitivo para minha alma descansar,
Então, ei de um dia voltar, e me cansar ainda mais
Nas vielas e histórias de Recife.
Porquanto, sigo.
Nós e a chuva,
Que ainda cai,
Como uma lagrima de saudade
Sobre quem fica e quem vai...

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