segunda-feira, 21 de abril de 2008

Primavera do Leste




Primavera do Leste,
Cidade, obviamente, ao Leste de Mato Grosso,
Começou para mim a partir da 1 hora da manhã,
Quando chegamos ao Hotel Condor,
Próximo a rodoviária.
Necessitando, pela sucessão de fatores,
De um descanso,
Abstive-me do sono
E pus-me a pensar.
Em um quarto 3x4,
A sensação claustrofóbica
Arremessou-me para o universo escuro
Da madrugada que nos cobria.
Na rodoviária encontraria algo para beber,
Comer e pensar.
Sentei-me antes do balcão
Para observar, antes de mais nada,
Quem vinha e quem partia.
Uma rodoviária é um
Destrito Social Federal,
Onde desembarcam e embarcam
Todos os sotaques de uma federação.
Numa rodoviária não importa quem és,
Mas quem somos.
Lembrei do Cidade.
Tamanha muvuca cultural, tirou-me a paciência
E a contemplação.
No balcão, abasteci-me de líquidos e sólidos
E rumei de volta ao hotel.
A janela aberta para coqueiros que me espiavam
Amenizava a sensação de sardinha.
Bebi e solucei como se fosse um naufrago.
Nem mesmo os códigos de Da Vinci
Decifrariam tantas perguntas.
E eles o ali estavam.
Enrolei-me em seda,
Esquentei-me em brasa alheia e
Pus-me, enfim, a pensar e perguntar.
Mas para cada pergunta uma resposta
E não são elas que me atraem mais.
Deixei-me levar, então,
Pela paisagem da porta entre aberta.
Após, pela torneira da pia do banheiro que pingava,
Pela descarga que se esvaia,
Pelo ventilador que rodava,
Pelo barulho longínquo do mar
Que não existia e
Por fim, pela minha própria respiração.
Adormeci aninhado em mim,
Com os olhos na lua,
E os ouvidos na rua.
Das perguntas, mais respostas
Aumentando minha insatisfação.
e, de repente, me deu uma saudade de casa..

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