sábado, 18 de julho de 2009

Descrição "bucólica" da real realidade poética da minha realidade mundana no sábado 18 de julho de 2009 as 19h14min.

A mesa tem 45 centimetros de comprimento por 30 centimetros de largura.
Ocupando metade desta o lap top de tela aberta e letras surgindo.
Á esquerda, como quem se opõe para participar,
Três quartos de uma barra de chocolate,
um cinzeiro com sotaque pernambucano,
uma cartela de ingressos para o parque de diversões,
uma latinha "Fisherman's Friend" com bússula e canivete,
o controle mudo do aparelho de DVD,
um Pen Drive "Super USB" e
um copinho de martelinho com bafo de Jack Daniel's.
No rádio Chico Buarque e sua inútil dificuldade de dizer o que foi bonito e seu inútil canto do que se perdeu.
Em mim?
Ora, esta imensa saudade do que não sou...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

irritação

a noite se atirou sobre o predio. atirei sobre mim o edredon. cruzei os punhos abaixo do queixo e me encolhi de frio esperando o sono. mera ilusão. de repente trovões. o vento balança a cortina, que bate no cabideiro, que balança o casaco, que faz barulho, que me irrita. a gata, femea, não sabe o tamanho exato do universo e entra no cio 2 vezes por mes. de repente começa a miar, agitar-se pelo quarto, esfregar-se nas paredes. clama pelo sexo alheio fazendo barulho que me irrita. o vento, insatisfeito em fazer barulho no cabideiro, entra pela sala, atravessa a cozinha e vem empurrar a porta do meu quarto, que balança, sacode a chave, rebate a parede, finje que tranca mas não tranca e irriquieta produz um barulho que me irrita. o que era frio borbulha pelo corpo num calor irritante. voa o edredon chão acima. a gata corre pra debaixo da cama. chuto o ar como centro-avante. respiro fundo. relaxo. são 00:15. tenho que acordar as 6h. o dia vai ser longo. respiro fundo. mentalizo o mar. o vento sossega. silencio. paz. faço as pazes com o edredon que volta a me abraçar. encolho as pernas afetivamente e espero o sono. que sonho. a gata, femea, não sabe do perigo da morte e resolve comer. a ração quebra-se entre seus dentes produzindo na imensidão do silencio da noite um estrondo de trovão. repete descompasada a trovoada. o vento ouve o chamado e traz a chuva que balança a cortina, que empurra a porta, que faz barulho, que me irrita. o edredon voa novamente. pulo num levanto e procuro a extensão exata do quarto em coices ao leu. abro a janela, encaro a noite, faço cara feia para o vento e procuro um palavrão bem cabeludo e extenso: "pêloreverbofagiacapilar!!!!". blasfemo. procuro culpados. a gata não respira. o vento não pia. a porta não ousa. quem mandou, justo hoje, beber refrigerante antes de dormir? duas latas. odeio a coca cola! são 01h05. tenho que acordar as 6h. vai ser um dia longo. deito. respiro. preciso me acalmar. converso manso com o edredon que volta para a cama. chamo a gata. deito-a comigo e aliso o pêlo, calmo e delicadamente. respiro pro fundo. mentalizo um campo, verde, florido, com arvores de belas copas ao longo. os pés descalços. a umidade da grama. a brisa leve que me balança os cabelos. sorrio agradavel e afundo-me no travesseiro recebendo o sono.
são 2h16. a gata mia, o vento balança, o edredon não voltou mais pra cima, a porta dança, tudo isso me irrita. e eu tenho que acordar as 6h. vai ser um dia muito longo.