sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A dor de amor de Amanda

Amanda chegou em casa, abriu a porta e deu de cara com o quarto vazio. A meia luz do abajur era melancólico. A geladeira cheia não alimentava sua alma. Aprumou-se ante o espelho e ficou só.
Viu sua cara metade e nela decifrou sua esfinje. Devorou-se.
Ergueu seu copo e sorveu mais um gole de cerveja. Precisava manter-se embreagada. Nos medos as desculpas mais verdadeiras.
A janela aberta parou para ouvi-la: sim, era dificil entender.
Fitou a noite escura e fria, iluminou-a com um cigarro, nebulou-a com uma tragada e despiu-se da realidade.
Quem liga para as horas? O que Amanda não quer é ter o tempo. O que realmente quer é deixar-se para o tempo no tempo que for. Entregar-se á mais sublime aventura do ser e deixar-se ser apenar o que é. Para as convenções os coqueteis. Ela precisa é de espaço, esperança, espaçonave. Fugir, sumir, zunir para uma realizade bem longinqua, além da ponta dos dedos, dos textos no papel, das esperas madrigais.
Vai-se o ultimo gole do copo. Amanda só pensa nele. Por que?
Em breve estará lúcida e isso assusta...

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