domingo, 10 de maio de 2009

Carta à Julieta

domingo, 10 de maio de 2009

querida julieta,
escrevo-lhe para dizer que mudei.
parti de onde estava e ocupo agora um novo lugar em mim.
se já não sei para onde quero ir com certeza, pelo menos tenho a certeza de onde não quero mais estar.
as coisas que surgem no ar após uma ventania por vezes pousam novamente de onde partiram, por vezes pairam ainda perdidas a procura de um novo pouso. era assim que me achava, pairando sobre minha rotina sem saber quais eram as horas do dia, quais eram as lagrimas da noite. não era eventual confundir lagrimas com estrelas ou insonia com poesia. perambular pela cidade vazia pode ser inspirador. tão inspirador quanto perder-se de olhos vendados na beira de um abismo rochoso. acalentar-se no ébrio das companhias de copos erguidos pode ser confortavel. tão confortavel quanto aninhar-se numa jangada perdida em alto mar.
antes que te indagues e me pergunte, devo advertir-te que não tenho todas as respostas e que tão pouco faço questão de ser exemplo para alguem ou para alguma nova cronica. apenas procuro desfazer-me do ócio que vem me acompanhando tem algum tempo. eu que sempre fui sonhadora, ando pensando sériamente em voltar a domir. é que quando se dorme, se dá a oportunidade de despertar. e creio que despertar seja um bom motivo para ver as coisas acontecerem. estou cansada de ficar cerrada em mim.
é por isso que lhe escrevo. para lhe dizer que mudei.
e tambem para cumprimentar-lhe e dizer que após tanto tempo muda, muito me agrada confidenciar-te estas linhas.
espero que estejas bem.
e beba aquele bom vinho na beira do Senna por nós.

com amor e carinho

Amanda

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