terça-feira, 15 de julho de 2008

Confiança

Um relacionamento amoroso para dar certo tem que se basear na confiança. Isso é fato. Assim como uma sociedade financeira, um time de futebol e uma equipe de alpinismo. A confiança é o termômetro e tem que vir em primeiro lugar. Essa é a formula. E o amor é motivo, o ciúmes perfume e os sonhos conseqüência. Mas é preciso essencialmente que a confiança conduza a rotina.
Porém, para Bastião isso era difícil de entender. Ele até que já estava entendendo, afinal, seu relacionamento já passava de um ano. O tempo pode ser relativo, mas o amadurecimento é inevitável. Cada momento de vida é um momento de aprendizado. E há tempos Bastião estava aprendendo. O que lhe faltava era apenas coragem para transformar este aprendizado em realidade. E depois, as brigas já se tornavam corriqueiras e cada vez mais cruéis. Na última, por uma bobagem virtual, suas alianças, símbolos de um compromisso, foram esmagadas por palavras duras e ásperas. Falta de confiança. Estava sempre pensando que aconteceria com ele, que seria enganado, traído. E levava muito a sério este pensamento. Mas realmente já era hora de mudar, mudar este pensamento. Ele também não esperava ser assaltado e acabara de perder sua bicicleta para um gatuno. Ou seja: suas profecias não estavam bem ajustadas. Portanto, estava disposto a mudar. E a mudança seria naquela noite.
Era véspera de seu aniversário e o jogo do seu time de futebol passaria na televisão. Decidira, então, e em consenso com sua namorada, que assistiria ao jogo na companhia de amigos. Ela então decidiu que sairia a noite com uma amigas para beberem algo. Um barzinho e nada mais. Ele engasgou. Titubeou. Mas por que não? Era hora de se mostrar sábio. Mostrar que estava disposto a acreditar no amor. Concordou.
Ele teve uma ótima noite. Bebeu, deu boas risadas, mentiu e conformou-se com o empate no futebol. Vez por outra perdia-se em pensamentos e mexia no celular. Tinha vontade de ligar para ela. Mas balançava a cabeça no segundo seguinte e concordava que era besteira. Resistiu a noite toda. Foi uma diversão vigiada.
No dia seguinte, seu aniversário, encontrou-se com ela a tarde. Trocaram um forte abraço e ela disse:
- feliz aniversário!
- obrigado.
- não trouxe teu presente. Ficou em casa.
- sem problemas.
- e então? Já decidiu o que fazer hoje á noite?
- ainda não. Mas estou com uma forte tendência a fazer nada. Poderíamos sair pra jantar só nós dois. Que tal? Economizaríamos uma grana e passaríamos um momento só nosso. Seria uma comemoração por esta nova fase que estamos entrando em nosso relacionamento. Que tu acha?
- eu...ontem a noite eu conheci outro cara...

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