segunda-feira, 2 de março de 2009

Da saudade de Amanda

A meia luz do meio dia invade o quarto e pinta-o de ocro. Lá fora chove e a claridade cinza destes dias nublados cega e faz a alma sentir mais do que os olhos podem ver. Sentada, imersa no canto escuro do quarto, Amanda, semi-nua, fita a parede branca como quem assiste a projeção de sua vida, passada quadro a quadro, como um filme. Esqueceu de almoçar para alimentar-se de melancolia e lembranças. Está um dia tão triste. As horas estão imóveis. O tempo que é o presente está descansando no passado, nos braços de um grande amor que a poesia já levou.
Amanda está lacrimejando a chuva lá de fora.
Um ponteiro saltou e o que era passado agora é presente.
Nada mais vai acontecer se nada acontecer.
É bem provavel que fique assim, nublado, até o final da semana.
É bem provavel que até lá, além da solidão, nada aconteça.

Por causa desta saudade que não passa...

Nenhum comentário: