domingo, 14 de dezembro de 2008

Pelas esquinas

Livraria lotada. Nas mesas, cervejas, wuisks, cachaças, cigarros e pessoas. Muitas pessoas. Em geral, pseudo-intelectuais. Discutem categóricamente sobre futebol, os melhores puteiros da cidade; citações de grandes bêbados ecôam de todos os cantos. As mesas da rua, com suas pessoas pseudo-intelectulizadas, ditam o ritmo da noite que segue seu curso escuro. De cima de seus jipes, se divertem ameacando uns aos outros com facas no pescoço. E como riem. De tudo e de todos. Talvez por que possuam respostas para alguma pergunta feita sobre felicidade. Do canto, em meio a fumaça que sai de seus pulmões, um deles levanta-se e, aos gritos proféticos, silência a livraria que o escuta com atenção:
- Este é o momento de começar! Começem! Agora mesmo, com um único passo. Dirijan-se para o interior de vocês mesmos e observem. O que há para ver? O que há para se falar sobre nós mesmos? O que há para contar em mesas de bar sobre o que constrói nossa história aqui nesta vida, no nosso meio social? Quem somos nós para nós mesmos? O que fazemos com nossos sonhos? Quantas vezes já nos conformamos com um sonho não realizado, com um objetivo não acalnçado. Onde dorme a criança sonhadora que todos vocês foram um dia? Onde dorme aquela criança que sonhava ser, guando crescesse, astronauta, bombeiro, cientista, duble de cinema, veterinária, modelo, presidente da republica? O que fizemos com nossos sonhos? O que somos agora? Cidadãos tributaveis, inseridos num sistema que não visa a realização pessoal, mas se baseia na aceitação social. Somos o que queremos ser ou somos o que temos que ser? Quem anda ditando essas regras tão severas de compotamento? Quem anda espalhando por ai que eu não posso? Por que tantos de nós não somos o que gostariamos de ser e se conformam com o que há para ser? Não parece óbvio que tem alguma coisa errada? A generalização das drogas, licitas ou ilicitas, prova que não queremos mais um motivo para continuar convivendo com esta realidade que nos é imposta. Como é bom escrever. Mas a escrita é para provar a nós mesmos do que somos capazes. Porém, as deixamos avulsas na rede. E vamos simplesmente aceitar esse fato e pedir mais uma cerveja? Será mesmo que não é hora de começar?
Silêncio. A livraria parece imersa profundamente nos pensamentos bravados. Os copos ficam inértes. De repente alguém ergue-se ante a livraria atonita e também brava, levantando o copo meio vazio:
- Mazá!
E todos acordam de seus transes e gritam com seus copos meio vazio em riste:
- Mazá!
E brindam, rindo ainda mais do que antes.

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