quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Quarta-Feira - um reencontro depois muitos tempos

Amanda esta sentada escrevendo no computador. Olha pelo canto direito do olho e vê a tarde que se vai entre a persiana da janela. Não foi ao trabalho. Precisa ficar em casa sentada, escrevendo ao computador e espiando pelo canto direito do olho vendo a tarde se indo por entre a persiana da janela. Nem bem sabe o que está escrevendo, mas está. Até que encontre alguma inspiração, escreve apenas o que lhe vem aos dedos. Letra por letra. Espirradas pelas extremidades de seu corpo. São resfriados gramaticais. Um vírus contraído normalmente quando se degusta uvas Merlot ou sedas de arroz. Mas pode vir simplesmente pela fadiga racional. No caso de Amanda, um pouco de cada. Agora que se tornou uma pessoa tributável, com salário, compromisso responsável e uma boa quantia de remuneração, sente que os momentos de fadiga racional são importantes e, ainda, não podem ter hora marcada. Vai levando até quando der. E hoje está dando. Levanta-se para trocar o disco de vinil que toca na vitrola. Sim, uma vitrola. Coloca para escutar Tom Jobim e Elis Regina - neste instante Amanda pára, pensa e decide não comentar sobre o vinil. Não há o que comentar.
Está sem fumar á quatro dias. Melhor dizendo, está fumando menos cigarros á uma semana e meia. Fuma dois, três cigarros por dia. Quando fuma. Não fez promessa nenhuma. Apenas quis reduzir e está reduzindo. Ás vezes é bom provar para si mesmo que se é capaz de decidir as coisas para si mesmo.
O que acontece quando a realidade é aquilo que imaginamos? Se nos suicidar-mos com o pensamento convicto no que gostaríamos de termos sido, não acordamos em algum outro lugar sendo aquilo que desejávamos com tanto afinco? Sem lembrar de tudo, claro, senão não teria graça alguma. A sensação é estar disposto a perder algo tão valioso para ser o que se deseja ser. Neste caso, perder a vida. Acreditar que reencarnação é simplesmente vibrar diferente. Mas será que já não sou o resultado de um suicídio convicto de outra vida? Será que alguém em outra vibração não se suicidou com o pensamento convicto em ser o que sou? Que sabor tem a frustração imortal? Deixa-se levar pela musica. Se o passado é aprendizado, nada impede que se possa refazer o passado no futuro. Mas como fazer isto sem tentar revivê-lo?
A tarde se esvai pelo canto direito da persiana da janela, entre os olhos de Amanda...

Um comentário:

Piqueno disse...

Salve nobre colega...Legal saber do teu talento pra fotografia, e que também tens este gosto por ser blogueiro...Abraço, e dale tricolor!