quarta-feira, 12 de novembro de 2008

"Não"?

Não diga "Não". O "Não" inibe, proibe, finaliza. Põe um fim ao que poderia ser, transgride o que seria. Um "Não" finaliza, diz que nada pode vir após. Um "Não", por mais contraditório que seja, afirma que nada mais há a dizer. Mas sempre há algo á dizer. Sempre existe algo á mais que nasce depois de uma boa noite de sono ou depois de findada a bebedeira. Depois de uma enxurrada, há sempre um talvez do sol que se oferece á secar; do vento que possa vir a suspender as lagrimas que se atiram ante a certeza vã. Definir-se tão radicalmente a qualquer coisa contesta nosso medo de pensar; constesta nosso direito de não estar sempre certo e de não saber sobre nosso direito de pensar sobre o assunto. Afirma que somos inúteis sobre aquilo que não temos certeza e nos dá a certeza de que somos ignorantes antes mesmo de atestar o que somos. Não diga "Não" simplesmente. Permita-se pensar. A unanimidade é burra, já dizia alguém que pensava diferente. E eu penso diferente. Eu, o dono deste blog, penso diferente. Não sei tudo e não pretendo dizer que sei. Se tu lê este bolg, o lê por saber que eu, o dono, não sei tudo e tu, que lê, também não sabe, por isso o lê. Por que então esta birra que atinge nossa pequena grande cidade? É, falo de São Leopoldo, onde todos acham que sabem tudo mas não sabem explicar por que nossos manifestos culturais não atraem grandes publicos. E aceitemos: todos aqueles que se expressam artisticamente, esperam o grande publico. Não por fama, mas por necessidade. Ter arte é buscar o sentimento alheio. É ser entendido, questionado, insultado, notado. Mentira de quem disser o contrario. Quem o disser é mediocre e não sabe o que quer. Assim como eu: Eu espero o grande publico. Confesso e admito: nunca serei mais famoso que o Fabricio Carpinejar. E isto é fato! Mas quero ser comentado nas ruas e ser entrevistado no "Paisanos em Prosa". Mas entrevistado não por ter todas as respostas mas por ter o que questionar. Que chato seria saber tudo. Que chato aquele que tudo sabe. "Bom mesmo é viver a vida assim, um dia após o outro. Assim a vida não cansa". Mario Quintana. Ele sabia. E eu atesto. Não diga "Não". No maximo um "Talvez". Não coloque pontos, no máximo, virgulas. Ou reticiências. Esteja aberto para o que pode vir. São Leopoldo não é um polo cultural e tão pouco a Secretaria de Cultura é um guru que tudo sabe e que tudo faz. Falta muito para isso. Ainda mais por que não depende da Secretaria, mas de mim e de ti, público e artista. Utopia? Concordo. Mas que tristes os caminhos se não fora a presença distante das estrelas... e agora tenho internet em casa!

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